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Tuesday, December 30, 2014

Quadragésima Sétima Epístola

Transilesiano - Katowice, Vitor Vicente, Dezembro de 2014

Dear K.,

Aos finais sempre estão associados sentimentos de frustrações ou afins, por aquilo que ficou por fazer.
Não vou aqui descrever-te toda a minha vida. Centrar-me-ei na Silésia onde tanto ficou por ver. Às tuas terras vizinhas só fui três vezes, sendo que dessas três só me deu para ver duas delas: Chórzow e Sosnowiec. Sendo ainda que dessas duas vezes pouco mais fiz que cortar o cabelo e comer um hamburguer.
Dessas três vezes, duas fui e voltei de carro. (Como de carro sempre fui ou voltei do teu aeroporto). Quanto à outra, fui de tram. No que eu chamo de Transilesiano e onde não só viajo no espaço, mas também no tempo.
De resto, poucas foram as vezes que andei de tram. Vi-o e ouvi-o passar como antes o via no Youtube. Com a diferença de que aqui pude desfrutar de ouvi-lo mas não vê-lo passar, do alto do décimo andar onde morei durante o primeiro mês.
Nos cinco meses seguintes morei num apartamento a que, ainda que no primeiro andar, só o silêncio chegava. Perto desta casa, há um restaurante Chinês que sempre quis conhecer. Nem tanto para comer, mas para saber como aqui os chineses ajustam a sua culinária à gastronomia local.
Nunca fui. Adiei para um amanhã que se auto-adia e até hoje está para ser parte da agenda. Tu devias saber que eu mais depressa compro um bilhete para a China do que vou comer ao restaurante Chinês ao virar da esquina.

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