Concerto de encerramento do Festival de Cultura Judaica em Cracóvia,
Vitor Vicente, Julho de 2014
Dear G.,
Está um gajo com um kipah enorme à minha frente. Quase que nem consigo ver o palco. A kipah até que nem é tão grande. Da kipah cresce é um par de cornos.
Não, não foi preciso ter visto este tipo para te poder ter visto no Festival de Cultura Judaica em Cracóvia. Estas coisas são a tua casa. Música, teatro, cerveja, comida, cultura, convívio. Mais do que ser o teu genético povo ou a tua casa, é como diz o teu outro povo: é a tua cara.
Se já aqui vieste, tenho a certeza que gostarias de cá voltar. A menos que, tal como noutras coisas, o prazer se sintetize na frase: toca e foge.
Todo este contexto faz com que te tenha na cabeça, até à ponta da kipah que não trago e que, como muitas outras coisas, ainda estão em malas que ainda não me chegaram às mãos. Quando digo, o contexto, digo este festival e o mundial de futebol.
Tu chegaste primeiro à cidade, pois cabe chegar primeiro quem de mais longe vem. Ficaste a fazer compras, que é como quem disse a fazer tempo. Ou será ao contrário? Digamos que fizeste compras na cidade para (chamemos) Inglês ver.
Encontrámo-nos num pub a poucos passos do hotel. Do dito não saímos durante dia e meio. De dentro de ti não saí, senão para voltar a entrar por outra via.
Dessa cidade, não vi quase nada. Tal como agora, por causa de um par de cornos, não vejo nada. Mudam-se os palcos - mudam-se pouco mais do que os palcos.
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