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Thursday, November 13, 2014

Trigésima Sétima Epístola

A vida noturna de Guangzhou, Vitor Vicente, Setembro de 2014


Dear S.,

A China foi o meu vigésimo oitavo país e, na época, eu tinha precisamente vinte e oito anos. De Guangzhou guardo sobretudo as vésperas da chegada e da partida. Nunca antes me foi tão difícil passar uma fronteira como me foi sair de Macau e entrar na chamada "Mainland China". Como se a China ainda estivesse muralhada. Quanto à noite antes da partida, guardo os momentos que começaram com a minha dificuldade em contar as moedas para pagar una Tsing Tao e como as tuas mãos me ajudaram nessa e nas duas seguintes cervejas. Assim como dos três táxis que, mais tarde, dividimos. Primeiro, desse bar para outro, onde estavam montes de latinos e de árabes e onde toda a gente falava comigo em árabe. Depois, desse bar para o meu hotel. E, já na manhã seguinte, como te dei o dinheiro para o táxi, de certa maneira também nesse, que te levou do meu para o teu hotel.
Entretanto, países já são cinquenta e um e  aqui em Katowize cheguei às trinta e uma parceiras. Nada a assinalar, nem a celebrar. Senão mais um casamento, agora de idade e de parceiras.
À falta de casamento propriamente dito, entretenho-me com estes matrimónios à margem da lei. Com estas tabuadas de pervertido, com estas aritméticas de amores de marinheiro e passagens breves por países que me fogem dos pés. Com estas matemáticas e estatísticas que não são calculáveis no Excel, nem dignas de um Power Point que se preze.
Do que eu gosto mesmo é de contar dinheiro. Seja a sós e na minha mesa de cabeceira. Seja com a ajuda de tuas mãos num balcão de um bar.

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