O rio de aldeia que corre pela cidade de Katowice, Vitor Vicente, Agosto de 2014
Dear B.,
Não foi só há três fins de semana que estive de volta a ti. Eu volto a ti várias vezes. Bastantes mais do que imaginas.
Volto a ti nesse inesperado templo que eu encontro em todos os ginásios que frequento.
Entre os exercícios, existem aqueles que são mais apropriados do que outros às viagens através do pensamento. Eu destacaria aqueles momentos passados em máquinas que nos movem sem que nos deixem sair do mesmo sítio. As passadeiras ou as bicicletas, duas máquinas que são verdadeiros e moderníssimos veículos de viagem, que nem aviões.
No caso presente, as passadeiras estão de frente para os televisores (e como eu fico contente em, através do polaco, redescobrir o bom Português que perdi em prol de Inglês da Irlanda e do vai e vem das viagens.)
Voltando ao dito aparelho. Nele desfilam - como numa passerelle - imagens de partes da Polónia e a respetiva previsão meteorológica. Partes tão distintas como a praça central de Cracóvia, as montanhas de Zakopane ou a estância báltico-balnear de Gdansk.
Tal como, há alguns anos atrás, eu me entretinha a correr sem sair do mesmo sítio e a ver semelhante desfile do império catalão. Na época, paisagens tão díspares como o Mosteiro de Montserrat, as praias da Costa Brava ou o centro de Perpignan.
É só isso. O suficiente para me sentir, simultaneamente, alicerçado a ti, Barcelona, e de te içado. Assim como abençoado por tudo aí ter (re)começado, como numa ressurreição, com destino a cidades debaixo de céus nunca antes atravessados.
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