Translate

Thursday, August 21, 2014

Vigésima Epístola

Zona de lazer do aeroporto de Barcelona, Vitor Vicente, Agosto de 2014


Dear B.,

Como já é praxe, volta a ser difícil deixar-te. 
Quando me fui embora de ti, rebentou um vulcão na Islândia e o trânsito aéreo em grande parte da Europa ficou bloqueado por quase uma semana. Durante esse tempo, fiquei retido nas ruas - melhor dizendo, arrastei-me pelas tuas ruas, como me arrastara nas primeiras semanas em teu seio. E assim se adiou a nossa despedida e o começo da minha nova vida em Dublin.
Depois, das três vezes que te revisitei, ia perdendo o voo. (Coisa que não é meu costume). A primeira vez por te apanhado boleia de um condutor que confiava mais no GPS do que nas indicações das placas. A segunda por ter bebido demasiado na véspera, ter ido demasiado cedo para o aeroporto e ter acordado cinco minutos antes de fechar o check-in. A terceira por ter apanhado o comboio que vinha e não o que ia para o aeroporto.
Desta vez, tudo parecia correr sem sobressaltos. Mas não. Já estava eu dentro do avião, quando o capitão anunciou que íamos levantar com quase uma hora de atraso. O que nem é tanto, exceto se pensar que o tempo de atraso era o mesmo que a duração do próprio voo (com destino a Palma de Mallorca).
Agora tenho a certeza que se trata de um ajuste de contas. Que utilizaste a companhia aérea que me deu pão e cidades enquanto estive dentro de ti. Para não me esquecer que Katowice também te pertence, ó ponte permanente. 
Nada é por acaso. Muito menos o nosso imenso amor. 

No comments:

Post a Comment