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Wednesday, July 02, 2014

Terceira Epístola

Pic-nic à beiro do Rio Wisla em Cracóvia, Vitor Vicente, Junho de 2014

Dear R.,

Desde que me mudei para Katowice,muitos foram os momentos que, ainda enquanto os vivia, já me diziam que iriam permanecer comigo para sempre. São, esses,os momentos que interessam. Os que subsistem. O mesmo vale para os diálogos com grandes amigos como tu. De quem sempre recordarei certas sábias palavras. Por exemplo, quando me disseste que preferias Praga a Paris e que, para ti, não tinha sequer comparação. Também acrescentaste que mentiste aos franceses, que lhes disseste que Paris era a cidade mais bonita do teu lado e que os idiotas te brindaram com baguettes et allez les bleu
Voltando a Praga. Quem diz Praga, diz Cracóvia. E quando digo "diz", refiro-me a gente como nós, que não vemos o mundo pelos obtusos olhos dos outros. 
Havia muito que te contar sobre Cracóvia. Em como é uma cidade charmosa, mais continental do que propriamente de Leste, tão clássica quanto cool. Mas eu perdi-me a contar o número de gajas giras que se vêem por minuto. 
Mas eu não minto quando digo que em cada dez gajas, dezoito são giras. Quer isto dizer que, quando engatas uma, corres o sério risco de acabar num menage-a-trois - pois a maior parte delas valem por duas. Lembro-me de, em Setembro do ano passado, quando voltei de Varsóvia, me terem perguntado pelas gajas e ter respondido que oitenta por cento são giras, dez são razoáveis e o resto resolve-se com Vodka. Aqui em Cracóvia é ainda melhor Quanto a Katowice, é quase como em Cracóvia. Quase, claro. Também não se pode comparar - Cracóvia é a capital do charme continental e um hot spot das long legs da Europa de leste. Na Polónia, pelo que me foi dado a ver, o problema é que te queres casar de dois em dois minutos. Mas tão depressa aparece o problema, como a solução - dois minutos depois já te queres divorciar. 
Lembro-me também de um peruano - que deixou de trabalhar comigo pouco antes de tu teres entrado na empresa - que dizia que não são precisas mais gajas giras no mundo, mas sim um pouco mais de álcool. Essa equação não se aplica em terras polacas. É certo que o álcool é super barato, mas as mulheres custam os olhos da cara. É esta a tabuada do leste da Europa. Como em Cluj Napoca. Onde nos sorriam cada cinco minutos e nos convidaram a subir para uma assoalhada aparentemente cheia de mulherada - e nós, cagados, nós nada.
Fiquei com essa atravessada. Fosse só essa. Fosse eu fazer um gargarejo de gajas e não sei quando poderia começar uma nova carta. 

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