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Wednesday, July 02, 2014

Segunda Epístola

Menorah na Velha Sinagoga de Cracóvia, Vitor Vicente, Junho de 2014

Dear G-d,

Só a ti, Senhor, não sou digno de te dirigir uma epístola com a inicial do teu nome. Nem isso, nem de escrever o teu nome inteiro. Porque só a ti pergunto pelos mais profundos porquês, pelo plano que tens para este planeta que é tua pertença e em que nele nos cabe habitar para te prestar homenagem.
Há muito que trago, pendente, esta pergunta comigo. Mas hoje - hoje, em que encontraram os corpos de três adolescentes israelitas - hoje não passa. Porque temos de continuar a ser perseguidos? Porque apenas nos é permitido existir escondidos? 
Eu até fui avisado para não ter nenhuma mezuza à porta de casa. Eu fui avisado para não usar a minha t-shirt com o símbolo das Forças de Defesa Israelitas - aliás, já só a uso como pijama e, sempre que tocam à porta, apresso-me a vesti-la às avessas. Eu fui avisado para não aceitar convites de amizade de colegas de trabalho em redes sociais, para que não saibam das minhas ligações a Israel ou ao Judaísmo.
Porquê esta missão de trazer a identidade virada do avesso? De andar camuflado dentro da civilização? Porquê esta pressão por ser quem sou?  Esta ansiedade em assegurar-me de que estou a salvo de possíveis represálias por parte de quem se acha o porta-voz da verdade e o representante da realidade? Acaso é este suor sôfrego algo sagrado? Porque Israel está reduzido a uma ideologia? E, se está, porque é uma ideologia interdita? Qual o porquê de ideologias interditas? Que eu saiba, sonhar não tem impostos, nem o pensamento está sujeito à proibição.
Se é isto que cumpre à luz do mundo, então cobrais-nos um elevado custo. A Terra Prometida está debaixo de ameaça. E o mesmo se passa com o dia-a-dia da Diáspora. 

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