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Sunday, July 20, 2014

Décima Primeira Epístola

Um dos cento e tais quiosques em Cracóvia, Vitor Vicente, Julho de 2014

Dear T.

Assim que cheguei ao apartamento que aluguei em Cracóvia, poucos minutos depois, dei conta de que deixei a caneta em casa - que é como quem diz em Katowice, o que soa estranho, quase tão estranho como andar de autocarro durante uma hora para vir aqui dormir duas noites.
Adiante, que se faz tarde. No entanto, fez-se fácil a empresa de encontrar uma caneta por estas bandas.Ao fim de dez minutos, comprei uma caneta num quiosque. No fundo, é para isso que existem quiosques: porque ainda existem pessoas que escrevem com canetas. E vice-versa. Pessoas que ainda escrevem no papel, que ainda escrevem postais e, quando se põem a escrever emails, escrevem-nos longos, pela simples razão de se esquecerem de que estão a escrever eletronicamente.
Quiosques como estes, com canetas, jornais e bugigangas, só continuam a existir em cidades charmosas como Cracóvia, ou dadas à inteletualidade, como Buenos Aires (By the way, a Argentina está a jogar agora e o pessoal no bar está a assistir).
Mas não me interessa. Tudo o que te quero dizer, T. é que não te tenho mais como tirana. Antes como orientadora, enquanto diretriz. Matrizes, pró-isto ou anti-aquilo, todos temos. 
Ao menos nós, tradicionalistas, sabemos ao que vamos e o que vemos. E de mais nada precisamos, para não nos sentirmos vedados, mas sim desvelados. 

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